domingo, 6 de junho de 2010

O Nome dos Elementos


Se você descobrisse um novo elemento, como iria nomeá-lo?
Ao longo da história, cientistas têm respondido esta pergunta de modos diferentes.
Muitos escolheram honrar uma pessoa, lugar ou então descrever a nova substância1.
Até a Idade Média, somente nove elementos eram conhecidos: ouro, prata, estanho, mercúrio, cobre, chumbo, ferro, enxofre e carbono. Os símbolos químicos dos metais derivam das descrições de origem Latina: aurum (“amarelo”), argentum (“reluzente”), stannum (“gotejar” ou “facilmente deretido”),
hydrargyrum (“água prateada”), cuprum (“Chipre” – ilha do mar Mediterrâneo – onde muitas minas de cobre foram localizadas), plumbum (não conhecido exatamente – possivelmente “pesado”) e ferrum (também desconhecido).
O mercúrio foi nomeado depois do planeta, o que lembra o costume da associação de metais com deuses e corpos celestiais. O planeta que se move rapidamente em todo o céu é o mercúrio, único metal que é líquido em condições ambientes e flui rapidamente, sendo nomeado como ‘Deus rápido dos mensageiros’ na mitologia romana. Na Inglaterra, o mercúrio é apelidado de “quicksilver”.
Antes da reforma de Antoine Lavoisier (1743-1794), a química foi, em grande parte, não quantitativa, uma ciência assistemática, na qual experimentos tinham pequena relação com os demais.
Em 1787, Lavoisier publicou seu Methode de Nomenclature Chimique, propondo, dentre outras mudanças, que todos os novos elementos fossem nomeados descritivamente. Para os próximos 125 anos, foram dados nomes a elementos os quais correspondem as suas propriedades. Raízes gregas eram uma fonte popular, o que é evidenciado pelo hidrogênio (hydros-gen, “produtor de água), oxigênio (oksys-gen, “produtor de ácido”), nitrogênio (nitrongen, “produtor de soda”), bromo (bromos, “mau cheiro”) e argônio (a-er-gon, “não reage”). Os descobridores do argônio, Sir William Ramsay (1852-1916) e Baron Rayleigh (1842-1919), originalmente produzi-ram o nome de aeron (de aer ou ar), mas críticos pensaram que este era muito parecido com nome bíblico Aaron! Raízes latinas, tais como radius (“raio”), também eram usadas (rádio e radônio são elementos naturalmente radioativos que emitem “raios”).
A cor era freqüentemente utilizada para determinar propriedades, especialmente depois da invenção do espectroscópio, em 1859, pois diferentes elementos (ou a luz que ele emitem) têm cores características proeminentes. Césio, índio, iodo, rubídio e tálio foram todos nomeados desta maneira. A respectivas raízes gregas para estes elementos seriam azulcinza, índigo, violeta, vermelho e verde (thallus significa broto de árvore). Devido ao grande número de combinações de cores, o irídio leva o nome do Latin iris, que significa “arco-íris”. Alternativamente, o nome do elemento pode referenciar o mineral do qual é obtido. Um exemplo é o Wolfram ou Tungstênio (W), que foi isolado da wolframita. Dois outros ‘incompatíveis’ símbolos de elementos, K e Na, surgiram também da sua ocorrência. Kalium foi derivado da planta barrilha-espinhosa2, Salsola kali, e natrium de nitrato. Seus nomes em inglês, potassium e sodium3, derivam dos minérios potassa e soda,
respectivamente. Outros elementos,
contrariando as sugestões de Lavoisier, eram nomeados conforme planetas, figuras mitológicas, lugares ou superstições. “Elementos Celestiais” incluem hélio (“Sol”), telúrio (“Terra”), selênio (“Lua” – o elemento foi descoberto associado ao telúrio), cério (o asteróide Ceres
que foi descoberto só dois anos antes que o elemento) e urânio (do planeta Urano, descoberto alguns anos mais cedo).
Os “Elementos geográficos”, mostrados no mapa, muitas vezes honravam o país de origem do descobridor ou seu local de trabalho. Os nomes latinos para Rússia (rutênio), França (gálio), Paris (lutécio) e Germânia (germânio) estão entre eles. Marie Sklodowska Curie nomeou um dos elementos que ela descobriu, polônio, em homenagem a sua terra natal, Polônia. Freqüentemente, o local da descoberta empresta seu nome ao elemento; a aldeia sueca de Ytterby, local onde foi descoberto um minério que permitiu isolar quatro novos elementos, térbio, érbio, itérbio e ítrio. Elementos honrando cientistas importantes incluem cúrio, einstênio, nobélio, férmio e laurêncio.
Em 1978, a IUPAC recomendou que os elementos descobertos além do número atômico fossem nomeados baseados em uma sistemática (o elemento 104, por exemplo, ficaria unnilquadium – un para 1, nil para 0, quad para 4 e o ium finalizando o nome) seguido por unnilpentium, unnilhexium, e assim por diante. Argumentos sobre os nomes dos elementos 104 e 105 fizeram com que a IUPAC começasse a ouvir as reivindicações de prioridade para os números 104 a 109. As recomendações finais dos nomes para estes elementos foram anunciadas em 1997. Os nomes e símbolos recomendados pelo relatório foram: elemento 104, rutherfórdio, Rf, elemento 105, dúbnio, Db, elemento 106, seabórgio, Sg, elemento 107, bóhrio, Bh, elemento 108, hássio, Hs e o elemento 109, meitnério, Mt. Alguns destes (Rf e Bh) são derivados dos nomes de proeminentes cientistas que contribuíram para o desenvolvimento da teoria atômica; outros (Sg, Hs e Mt) foram nomeados para homenagear cientistas envolvidos no descobrimento de novos elementos pesados. Dúbnio foi nomeado em homenagem ao laboratório de Dubna na antiga União Soviética, local onde foram realizadas importantes contribuições para a criação de elementos pesados.

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